Descubra como os suportes visuais ajudam crianças autistas a lidar com rotinas, emoções e comunicação. Dicas práticas para aplicar em casa e na escola.

Mudanças de rotina, crises por frustração, dificuldade em entender instruções… Esses são
desafios diários para muitas famílias que convivem com o autismo. Para quem cuida de
uma criança autista, cada pequeno detalhe da rotina pode se tornar um obstáculo, mas
também uma oportunidade de crescimento.
Os suportes visuais surgem como uma ferramenta prática, sensível e transformadora. Eles
não resolvem tudo, mas ajudam a organizar o mundo em partes compreensíveis, tanto para
a criança quanto para os adultos que estão ao lado dela nessa jornada.
Neste artigo, você vai entender o que são os suportes visuais, por que funcionam e como
começar a usar ainda hoje, de forma simples e adaptada à sua realidade.

O que são suportes visuais?

Suportes visuais são imagens, símbolos, desenhos ou palavras, que ajudam a organizar,
antecipar e comunicar informações de forma mais clara e acessível. Para crianças com
Transtorno do Espectro Autista (TEA), que muitas vezes possuem atrasos na comunicação
verbal e dificuldade com a previsibilidade, esse tipo de apoio se mostra como aliado
poderoso.
Eles podem assumir diversas formas para utilização prática:


Quadros de rotina: organizam visualmente as atividades do dia, ajudando a criança a saber
o que vem a seguir,sem depender apenas da fala do adulto. Para muitas crianças autistas,
essa previsibilidade é essencial para evitar ansiedade, resistências e crises.

quadro de rotina com personagens infantis


Sequência de tarefas: também chamadas de “passo a passo visual”, essas sequências
mostram as etapas de uma atividade diária, organizadas em ordem lógica. São ideais para
ensinar autonomia em atividades funcionais.


Semáforo da calma: usa as cores do semáforo (vermelho, amarelo e verde) para ajudar a
criança a identificar como está se sentindo e o que pode fazer para se regular. É um apoio
visual para desenvolver consciência emocional e estratégias de autorregulação.

semáforo da calma para crianças autistas


Fichas de comunicação (PECS)
: fazem parte do sistema PECS (Picture Exchange
Communication System) e são usadas por crianças que têm dificuldades na linguagem
verbal. Por meio da troca de imagens, elas conseguem comunicar vontades, necessidades
e sentimentos.


Histórias sociais: são narrativas simples, ilustradas e adaptadas, que explicam como agir
em diferentes situações sociais, ajudando a criança a antecipar eventos e a entender o
comportamento que se espera dela.

história social respeitando o espaço dos amigos

Por que funcionam com crianças autistas?

Crianças com TEA tendem a ter um perfil cognitivo mais visual do que verbal. Isso significa
que elas compreendem melhor informações apresentadas por imagens do que por fala.
Estudos mostram que os suportes visuais reduzem o estresse e aumentam a participação
ativa das crianças em casa, na escola e na clínica (Dettmer et al., 2000; Bryan & Gast,
2000).
Além disso, eles se alinham com estratégias da Análise do Comportamento Aplicada (ABA),
que enfatizam a clareza de instruções, o uso de reforçadores e a estruturação do ambiente
de ensino. Os suportes visuais quando usados de forma correta proporcionam:
Mais facilidade a comunicação alternativa e aumentativa, como no PECS.
Apoio na regulação emocional,
ao tornar previsível o que vai acontecer (ex: quadro de
rotina).
Redução comportamentos interferentes, como crises ou recusas, por diminuir a
ansiedade causada pela incerteza.
Desenvolvimento da independência, pois a criança não precisa depender
constantemente do adulto para saber o que fazer.

Como usar no dia a dia?

No ambiente escolar:


Rotina visual na parede com as atividades escolares
Auxilia na previsibilidade e segurança. Com imagens representando as etapas do dia
(como “entrada”, “lanche”, “atividade”, “parquinho”), a criança entende o que esperar e pode
se organizar melhor. Pode ser conferida junto com os alunos para promover autonomia.


Cartões com regras de convivência (ex: “esperar a vez”, “levantar a mão”)
Servem como lembretes visuais que reforçam os combinados e ajudam a criança a agir de
forma adequada, especialmente em momentos em que o comportamento precisa ser
redirecionado.

conbinados e regras para crianças autistas


Reforçadores visuais (como fichas ou estrelas)
Motivam comportamentos positivos. A criança acumula símbolos visuais por atitudes
esperadas e pode trocá-los por algo de valor para ela. Isso estimula o engajamento e o
autocontrole.

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Em casa:


Use esquemas “antes e depois” para facilitar transições difíceis
Transições como “sair do banho para brincar” ou “parar de brincar para jantar” podem ser
desafiadoras. Mostrar visualmente o que vem antes e o que virá depois ajuda a criança a se
preparar emocionalmente e aceitar melhor a mudança de atividade. Exemplos: “primeiro
escova os dentes, depois pode escolher uma história”.


Monte sequências visuais para rotinas como escovar os dentes, se vestir ou tomar
banho

Essas etapas visuais ajudam a criança a entender e lembrar o que fazer sozinha,
promovendo autonomia. Pode-se usar figuras simples ou fotos reais com cada passo da
tarefa, fixadas no local onde a atividade acontece.


Implemente um sistema de economia de fichas
A cada comportamento positivo (como seguir a sequência visual, cooperar numa transição
ou pedir algo de forma adequada), a criança recebe um símbolo (ficha, estrela, carinha
feliz). Ao juntar uma certa quantidade, ela pode trocar por algo que goste, como tempo com
um brinquedo favorito ou uma atividade especial.

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Na clínica ou no atendimento terapêutico:


Aplique histórias sociais para preparar a criança para situações novas ou
desafiadoras
Consultas médicas, cortes de cabelo ou passeios diferentes podem gerar ansiedade. As
histórias sociais, com linguagem simples e imagens, explicam o que vai acontecer, quem
estará presente e como a criança pode se comportar. Isso traz previsibilidade e segurança,
ajudando a reduzir o estresse.


Utilize o semáforo da calma para ensinar sobre emoções
O semáforo (vermelho – muito bravo, amarelo – começando a se irritar, verde – calmo)
ajuda a criança a reconhecer o que sente e a aprender estratégias para se acalmar.
Pode-se combinar com um “cantinho da calma” e atividades que a criança já conhece e
gosta, como respiração profunda ou apertar uma bolinha sensorial.


Planeje atividades com sequência visual de tarefas
Usar imagens para mostrar o passo a passo de uma atividade (como fazer um lanche ou
montar um brinquedo) aumenta o engajamento, a compreensão e a participação da
criança. Isso permite que ela antecipe o que precisa fazer, o que reduz frustrações e
melhora o foco.

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Referências:
Bryan, L. C., & Gast, D. L. (2000). Teaching on-task and on-schedule behaviors to
high-functioning children with autism via picture activity schedules. Journal of Autism
and Developmental Disorders, 30(6), 553–567.
Dettmer, S., Simpson, R. L., Myles, B. S., & Ganz, J. B. (2000). The use of visual
supports to facilitate transitions of students with autism. Focus on Autism and Other
Developmental Disabilities, 15(3), 163–169.
Schneider, N., & Goldstein, H. (2010). Using social stories and visual schedules to
improve socially appropriate behaviors in children with autism. Journal of Positive
Behavior Interventions, 12(3), 149–160.
Hodgdon, L. Q. (1995). Visual Strategies for Improving Communication.
National Autism Center (2015). National Standards Project – Phase 2.

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