Você fez uma avaliação, identificou várias habilidades em atraso… Mas e agora? Como transformar esses dados em ações práticas que realmente façam sentido no dia a dia da criança?
É aí que entram os programas de ensino, uma das ferramentas mais importantes dentro da intervenção com base na ABA. Eles servem como um roteiro claro e estruturado, que mostra o passo a passo de como ensinar uma nova habilidade, respeitando a individualidade da criança e fortalecendo sua autonomia.
Neste artigo, vamos explicar o que são esses programas, por que eles são tão eficazes no autismo e como você pode montar (ou adaptar) os seus, mesmo que nunca tenha feito isso antes.
O que são programas de ensino na ABA?
Os programas de ensino são como mapas personalizados para o desenvolvimento da criança. Eles mostram exatamente onde você quer chegar, por onde começar, que recursos usar e como saber que está no caminho certo. Na prática, eles organizam o ensino de uma habilidade específica em pequenas etapas, que podem ser observadas, registradas e ajustadas conforme a evolução da criança. Isso vale para tudo: desde pedir água, imitar gestos, nomear objetos, usar o banheiro até habilidades mais complexas, como manter uma conversa.
O objetivo da aprendizagem (ex: pedir um brinquedo);
O SD, ou seja, a instrução que será dada (ex: “O que você quer?”);
A resposta esperada (ex: a criança diz “bola”);
O reforço positivo que será entregue em caso de acerto (ex: entrega do brinquedo);
O critério de aprendizagem (ex: 80% de acertos em duas sessões);
A forma de ajuda e correção de erro;
E, por fim, como garantir a generalização da habilidade (usá-la com outras pessoas, lugares e contextos).
Essa estrutura faz parte de um modelo amplamente utilizado na intervenção baseada em ABA (Análise do Comportamento Aplicada), com reconhecimento internacional e validação científica. Ela é o que permite que o progresso da criança possa ser acompanhado de forma clara, adaptado com segurança e replicado por diferentes profissionais ou familiares, sem improvisos ou achismos.
Por que os programas são essenciais no autismo?
Crianças autistas aprendem e respondem aos estímulos de maneira diferente. Elas geralmente precisam de mais previsibilidade, repetição estruturada e reforço imediato para consolidar novas aprendizagens. Por isso, programas de ensino funcionam tão bem, visto que são direcionados para a demanda de cada um. Eles ajudam a:
Ensinar com intencionalidade, não só “esperando que a criança aprenda sozinha”;
Manter a consistência entre quem ensina (pais, terapeutas, professores);
Registrar dados reais e PALPÁVEIS, facilitando decisões clínicas baseadas em evidência;
Promover a generalização, ou seja, garantir que a habilidade funcione não apenas na terapia mas em todos os ambientes de maneira funcional.
Imagine tentar construir uma casa sem um projeto baseado em evidências… É possível? Talvez. Mas é mais difícil, demorado e sujeito a erros. O programa de ensino é esse “projeto”, adaptável, mas essencial para o bom andamento da intervenção.
Além disso, protocolos como o VB-MAPP, ABLLS-R e Portage são amplamente utilizados no mundo todo por profissionais da ABA justamente por trazerem marcos claros e organizados, que guiam todo o desenvolvimento infantil em suas diversas áreas. Intervenções baseadas nesse tipo de estrutura são as que mais promovem ganhos reais na infância atípica, especialmente quando há intervenção precoce.
Como montar um programa de ensino?
Montar um programa não precisa ser algo complicado. Com prática e sensibilidade, você começa a enxergar os pequenos passos por trás de cada grande conquista. Veja o básico para começar:
1. Escolha uma habilidade-alvo
Pode ser algo importante e funcional, como pedir algo, nomear objetos, imitar gestos, cumprimentar ou brincar.
2. Descreva o SD e a resposta esperada
O SD é a instrução clara, como “O que você quer?”. A resposta pode ser verbal ou gestual. O importante é saber exatamente o que você espera.
3. Planeje o reforço e o critério de acerto
Descubra o que motiva a criança (brinquedos, atenção, música) e defina um critério, como 80% de acertos por dois dias seguidos.
4. Determine os tipos de ajuda e como serão retiradas
Talvez a criança precise de uma pista verbal ou física no início. O plano precisa prever como essas ajudas serão reduzidas ao longo do tempo (fading).
5. Registre os dados e ajuste o ensino
Anote os acertos, erros, uso de ajuda e progresso. Os dados te dizem quando avançar, quando insistir ou quando mudar de estratégia.
Lembre-se: cada criança é única. Respeitar o ritmo, os interesses e o perfil sensorial dela faz toda a diferença no sucesso do programa.
E se eu não tiver tempo para montar tudo do zero?
A gente entende. Quem trabalha com autismo e especialmente quem vive o autismo dentro de casa, sabe como o tempo é curto e a demanda é constante.
Pensando nisso, criamos o Kit de Programas Transformação no Autismo, com dezenas de programas prontos, 100% editáveis e baseados diretamente nos marcos do VB-MAPP. Esse material foi pensado para facilitar a vida de terapeutas, professores e familiares. Ele inclui programas para áreas como imitação, mando(pedidos), tato (nomeações), comportamento de ouvinte (seguir instruções) ,habilidades sociais, brincar e muito mais.
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Referências bibliográficas:
COOPER, John O.; HERON, Timothy E.; HEWARD, William L. Applied behavior analysis. 3. ed. Boston: Pearson, 2020.
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